terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Tú-tú-tú

Nem vem, foi tu quem pediu. E eu desliguei, desliguei mesmo, na tua cara. Lembro que fiquei alguns segundos ouvindo ao fundo só um “tú-tú-tú” e querendo que tu interrompesse esse barulho chato e incessante e dissesse “Ei, eu ainda tô aqui, eu sabia que tu não queria desligar nem brigar nem.. eu sabia que tu não queria que fosse, eu te conheço, lembra? Por isso eu voltei, porque eu te conheço e eu te adoro, minha bela”, mas não foi assim, infelizmente.

Sabe.. eu ainda lembro que tu prefere pringles do que doritos. Eu lembro de tudo.
Admito, mesmo com medo e sem saber ao certo o que sinto; eu te preciso, me dizendo que vai ficar tudo bem, de novo.
Até a minha criatividade pra escrever sumiu, pensa só no estrago que alguns telefonemas fizeram.
Mas meu Deus, porque esse telefone não toca de uma vez, de novo e de novo, e numa dessas ligações não é tu dizendo “Sai, tô na porta da tua casa, bela, eu te adoro, desce, vem me ver e me tocar e me abraçar e ver que tudo que tu sempre quis, a peça que encaixa, é realmente real. Eu tô aqui, vem!”
Juro que ainda espero que isso aconteça, tenho fé, me entende?
Porque sabe.. eu te abraçaria tão forte comum nenhum ser vivo, algum dia, faria.
E não soltaria mais. Nunca mais.

Liga?

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

... os desencontros, a solidão e os quase-amores.

Palavras ditas da boca pra fora, abraços frouxos, amigos quase inexistentes, sorrisos amarelos e eternas caras de segunda-feira.
Metades de almas - a maioria vazias, que não completam vida nenhuma.
Eternos "quem-sabe-amanhã-eu-mude, "talvez-eu-diga-a-verdade-na-proxima-vez-que-nos-vermos" e o pior, mas mais falado de todos; "eu-não-o-amo-mas-é-confortável-para-mim-como-está".
Uma fila de "não-seis" que dobra todas as esquinas da cidade.
Pessoas com os olhos brilhando, achando tudo isso falsamente lindo demais para ser verdade.
São as más verdades do século se revelando: os desencontros, a solidão e os quase-amores.

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

.

Eu quero alguém para curar as minhas antigas feridas, quero colo, quero carícias no cabelo, quero alguém dizendo que amanhã é um outro dia e tudo vai ser melhor. Por que sempre é assim, por isso existe o outro dia, para haver esperança, para ser melhor, para fazermos com que seja.. Que seja! Sabe.. acho que cansei mesmo de ser assim, sozinha. Ou talvez seja só TPM.
Tomara que passe logo..

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Esse texto..

.. é por tudo aquilo que eu estraguei e só queria consertar. Por tudo que eu rasguei, e só queria colar.
Esse texto é por todas as meias verdades, os meios sorrisos. Por todas as meias-pessoas que por mim passaram.
Esse texto é por todos os que me fizeram rir e sorrir, mas principalmente por todos aqueles (poucos) que me fizeram chorar; de alegria, de tristeza ou até de saudade, não importa.
Esse texto é por todos as noites frias e solitárias. Mas especialmente para as noites que foram quentes, e agitadas.
Esse texto é por tudo aquilo que foi dito, pelo que não foi dito, e, friamente pelo que a gente pensou em dizer.
Esse texto é pelo tempo que deveria voltar, ou em como ele deveria passar mais rápido.
Esse texto é pelo meu coração quebrado, pelas minhas pernas cansadas e pelo meu sorriso desaparecido.
Esse texto é pelos amigos de perto, pelos de longe, mas principalmente para quem se diz ser meu inimigo.
Esse texto é para mostrar como eu sou forte e ainda estou em pé, e para mostrar como eu finjo bem.

Esse texto é pra você lembrar de nós. Esse texto é pra você não esquecer de nós.
Esse texto.. é pra mim.

Mas principalmente pra você.

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Rastros

Talvez, eternos mesmos, só o que for ameno, porque o que for intenso, como um rastro de bala, vem só de passagem, e quase sempre nos dilacera um pedaço em cada passada.
Passadas essas, musicadas e eternas, que formam pegadas eternas em nossa mente que acaba por nos importunar todas as noites: Faremos ou deixaremos de fazer? Será ameno? Eterno? Imenso?
Ninguém, exceto quem provou, sabe quão doce são os beijos, aconchegantes os abraços, acolhedores os descasos e falsos os sorrisos seguros. Ninguém, exceto quem provou, sabe que de doce, ninguém se sacia por completo.
Cedo ou tarde a lágrima acaba por rolar de tanto insistir, e, como sal, escorre queimando pelo rastro do que foi intenso. Intenso mesmo? Certeza? Porque não, então, eterno?
Por que você sabe.. nunca esquecerá o gosto doce. Mas, mesmo sendo melhor, mesmo provando de novo, e de novo e de novo, enjoaria. O doce, não depende do tempo, sempre enjoa. O doce do perfume, o doce do toque, o doce do ser como se é; o doce que mesmo com a cara cheia de passadas e passados, pegadas e pegados, ressalta ainda mais as marcas do quanto queimou o passar de cada lágrima por cada vão dos muitos rastros.
Rastro, salgado, este, que nem querendo vai conseguir entender, de onde vem ou pra onde vai. Um rastro que nem eu querendo, com essas palavras, conseguiria te explicar. Um rastro que não foi deixado por você, e que sabemos, também não será você quem conseguirá apagar.
Talvez eu devesse parar por aqui, sem respostas pras suas perguntas, sem justificativas pro que eu admito ser ou não ser, fazer ou não fazer, pensar ou não pensar.
Talvez eu devesse parar por aqui, sem você pra tentar me buscar de onde, talvez, eu ainda não queira sair.
Sem ninguém além de mim e de meus rastros.
Sem ninguém além de mim pra saber a hora de curar essas marcas e qual será o melhor remédio.
Se esse não for o tempo, certamente, você também não é.


Autoria: Thaís Gaspari (@thaisthaisbjs), Marieli Casarotto (@_m4rieli).

domingo, 16 de outubro de 2011

Para mim.

Continuo usando a mesma bermuda de basquete de sempre, e advinha, ela ainda fica grande para mim. As mesmas coisas ainda me assustam, continuo com o velho medo do escuro e a minha cor preferida continua sendo o lilás.
Minha TPM fica pior à cada ano e isso me deixa um pouco preocupada. Caso você não saiba, comecei a trabalhar.. é.. acho que realmente cresci. Meu trabalho as vezes me estressa, mas você sabe, é só ouvir a minha musica preferida (que ainda é a mesma) e abraçar a minha Mãe e tudo fica bem, como sempre foi.
Fiz mais algumas tatuagens, mas nada grande como eu falava à você que queria, sabe como Mamãe é né.. Parei de brigar tanto com o Papai, mas semana passada ficamos a semana inteira sem nos falar, esse sim você conhece e te digo; ele está cada dia mais ranzinza e implicante. Tirando isso, tudo bem. O ano passou rápido demais para o meu gosto, mas meus gostos não mudaram, viu?
Ah, meus amigos? Entram e saem da minha vida como fazem no ônibus, mas você sabe, sou manteiga e sempre fico mal após a saída deles desse tal ônibus. À cada dia tenho mais conhecidos e menos amigos, mas os que tenho, sei que estarão ali quando eu precisar.
Ainda tenho medo de no final de tudo isso acabar sozinha, mas parei de me preocupar por antecipação, lembra como você ria me vendo chorar no domingo à noite antes do primeiro dia de aula? Eu lembro..
Continuo cantando no banho e sempre esqueço meu chinelo branco dentro do box, fico procurando feito louca depois e quando acho dou risada de mim mesma. Falando em risada, ando rindo mais nos ultimos dias, ando mais feliz, sabe? Feliz por mim e comigo mesma, sempre precisar de ninguém por perto me dizendo o quanto sou importante ou inflando o meu ego.
Afinal.. acho que no fundo crescer é bom.

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Um

Não sei porque.. são 00:17 e eu preciso dormir mas não consigo. Não consigo parar de pensar em ti e em nós e em tudo aquilo. Lembrei agora de quando eu te liguei e ainda não sabia o número de cor, (e admito que ainda não sei) e só de abrir a agenda telefônica do meu velho celular meu coração disputava entre tantos dígitos, mas como a coragem caminha ou destrói o desejo (e por entre nós sempre foi larga a rua e você fingia que nunca sabia quem era quando atendia, e também ficava louco por eu ter sido mais corajosa e ligado antes, por que também tinha enfrentado aquelas hesitações e finalmente se sentir sem elas é tão mais fácil). Depois de tudo.. foi um telefonema também, a última coisa que houve. Mas sabe, a vida flui, tão longa. A minha coluna vertebral dói faz tempo.. daqui um tempo será só um fóssil vivo no fundo do oceano. Queria me derrarmar nele pra fora das encostas colunares das agendas, telefônicas e diárias. E entender que nada tem data de validade. Parece que vou mergulhar até encontrar o nosso passado-recente por entre tanta areia.
Sem telefonemas ou qualquer sinal de vida, só por esta noite. Hoje ficarei só com o meu falso barulho de mar. Falso como o meu sorriso e vontade de levantar com o nascer do sol amanhã. Sinto saudades, boa noite.

domingo, 18 de setembro de 2011

2

O sol nasceu e já foi embora, e eu nem notei a tarde passar. A janela do meu quarto continua aberta desde a hora em que levantei para não fazer xixi na cama. Depois disso, me deitei novamente no mesmo lugar e na mesma posição na qual estou agora. Agora, um vento consideravelmente frio entra por essa janela, e me faz ficar com vontade de cobrir as minhas pernas, já geladas. Domingos são uma merda, realmente.
Mas convenhamos, domingos são ainda piores depois que começam com madrugadas de sábado estranhas, onde paro para me perguntar se a errada sou eu -pelas coisas serem sempre previsíveis e iguais demais, ou se o errado são os outros, os outros nessa, e em todas as outras vezes. Mas acho que não, acho que nesse jogo quem precipitou as jogadas fui então, então, a errada sou eu, e sempre fui somente eu. Porque não pode, não pode -e repito, não pode, esse outro não podia estar errado.
Quem sabe, na minha cabeça cheia de dúvidas e indiferença, tudo seja diferente dessa tal realidade que me cerca, ou quem sabe essa realidade apenas não se enquadre no que eu acredito ser o certo. Certo como ele sempre pareceu ser para mim, mesmo depois dessa madrugada toda errada, mesmo depois desse distanciamento físico, mesmo depois de palavras grossamente ditas, mesmo depois da dor estranha que eu senti apertar o peito, uma dor que eu não costumo sentir, admito. Mesmo assim, depois de tudo isso, ele continua parecendo ser o certo. Mas agora, as peças se movem e a questão não é mais esta.. a questão é pensar se eu sou a certa para ele.
Logo eu, que sempre fui boa em dar respostas curtas, respostas longas, enfim... respostas. Perguntas nunca foram um obstáculo, foram apenas o caminho que eu procurava para me entender melhor. Aí você chega, e as respostas não aparecem mais com facilidade, as perguntas -que antes me guiavam para frente, agora me deixam estática, sem reação, sem saber se essa pergunta se quer tem uma resposta.
Estática e sem reação como na noite passada, quando te vi beijando outras bocas, e teus olhos me olhando, descrentes em me ver ali sozinha. É, acho que a minha peça foi descartada do jogo.
Sabe.. acho que talvez o quebra-cabeça tenha apenas perdido a sequência, como se uma criança viesse e desmontasse todo o trabalho que passamos, mesmo sem perceber, de construí-lo.
É engraçado, mas eu não me importaria de começar a montá-lo de novo, lá do início, com todas as mesmas peças mas com diferentes e melhores jogadas, se você aceitasse fazer isso ao meu lado.


(Ajuda na formação do texto de Mozart Gobbi Jr. Muito obrigada, irmão.)

sábado, 3 de setembro de 2011

Quase nós

Novamente me pego aqui; com os dedos sobre essas teclas que sempre expressaram muito bem tudo que senti, mas agora não expressam mais. Eu não aguento mais! Eu já cansei de digitar e te escrever sempre a mesma coisa, nossa história é uma só; eu te odeio com todo o amor que há em meu coração, mas nunca tive nem um pingo de certeza sobre os teus sentimentos e pensamentos sobre mim. Cansei de escrever aqui que eu já cansei de dizer o quanto queria correr até a tua janela e berrar o quanto eu te amo, cansei de escrever que te esqueci e que agora só quero ser feliz (e, com essa ultima mentira, acabei machucando não só a mim mesma dessa vez, e doeu, em mim também), cansei de escrever somente mentiras. Por isso, parei. Parei de escrever porque qualquer menção que eu faça, qualquer pensamento sobre deslocar os meus dedos sobre essas teclas e redigir algumas palavras sobre uma tela branca, fazem minha mente lembrar do teu nome e de tudo o que passamos pseudo-juntos.
Eu juro, já tentei de tudo; reza, macumba, benzedeira, cigarros, bebidas, mas nada adiantou; eu não consigo te esquecer. E quem volta sozinha pra casa nessas noites frias sou eu.
De ti eu nem sei mais, também parei de tentar saber. Parei de investigar a tua vida.
Ainda me lembro da ultima vez em que nos vimos; nossos olhares, como sempre, se fitaram a noite toda. De longe, quietos, com nossos copos da mesma bebida - doce e fraca, nas mãos e os olhares focados para o mesmo lugar. De longe, nos olhávamos. E foi assim, a noite toda, somente olhares. Mas final, sempre foi somente isso, não é mesmo? Somente olhares ao longe, corpos separadamente colados, mentes distantes, diálogos somente ensaiados e nunca falados. Nossos diálogos são mentais, nós não conseguimos colocar em discurso direto o que precisamos ouvir um do outro. Nossas conversas serão sempre puramente idealizadas e infelizmente nunca realizadas.
Mas... mas nada! Todas as possibilidades desse meu amor virar nosso amor, viraram um nada nessa cidade cheia de almas vazias. Todos os planos, permaneceram somente sendo planos: jamais se realizaram.
A pessoa 'nós', existiu somente por uma noite, que já acabou faz tempo. Já passou da hora de acordar.
Mesmo sem ter ao lado da cama tu, pra eu acordar e ficar te olhando dormir.

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Príncipe

Eu não entendo porquê agora, nem porquê de novo, nem o porquê disso tudo.
Não entendo porque toda vez que estou quase curada dessa doença que é gostar de ti, tu apareces de novo, me mostrando que eu não tenho mais solução, que essa minha doença não tem cura.
Eu te odeio com toda essa minha doença chamada gostar. Eu te odeio com todo esse meu quase-amor.

Eu acho já vi esse filme, mas não lembro do final.

Toda pessoa de cabelo com o mesmo corte que o teu que entrava nos lugares onde eu frequentava à algum tempo atrás, eu achava que era tu. Assim como acho quando estou na rua, no supermercado, na fila do cinema, dormindo. Virei uma caçadora de pessoas parecidas contigo. Virei uma caçadora de ti em todas as pessoas. E repito, eu não entendo o porquê. Porque eu sei que não vou te encontrar na rua, nem no supermercado, nem na fila do cinema, nem em lugar nenhum, porque tu estás longe de mim.
Eu só queria poder te ver, só ver.

Eu te acho bonito de formas tão variadas e profundas , e eu me odeio por ser tão idiota. Eu me odeio por ter deixado com que essa ligação, apenas para dizer que o teu namoro com aquela guria que sempre te fez mal, que eu sempre avisei que só te faria mal, acabou. (Bingo! Acertei mais uma cena do filme.) E eu, burra, deixei com que esse mero telefonema e algumas palavras que tu sabes que eu gosto de ouvir, me afetassem tão fortemente como um soco de buquê de flores de aço no meu estômago.
Sabe, no fundo eu não me importo em ser apenas teu ponto de fuga pra esquecer daquela, que ao contrário de mim, só te fez mal. Não me importo mesmo, se com isso tu voltes a ser aquele Príncipe que tu sempre foi quando estávamos próximos fisicamente.
Eu gosto de ti por isso, porque tu sempre foi meu Príncipe, tu sempre foi tudo que eu sempre quis, tudo que eu sempre pensei que ninguém seria.Tu sempre foi tudo que eu pensei que ninguém seria, mas nunca foi meu. E se foi, foram apenas dois ou três dias, mas não me importa se foram mil ou três dias, tem muita saudade desses dias aqui dentro de mim.

Lembrei de mais uma cena do filme; a hora que o Príncipe percebe que a mocinha que ele achava que era a princesa, na verdade era a bruxa. E é nessa hora que eu entro, não é? Na hora em que não sobra mais ninguém ao teu redor, na hora em que tu não queres mais que a bruxa má habite os teus bons pensamentos. E eu falo, repetidamente, que eu não entendo o porquê desse meu eterno acredito-em-tudo-que-tu-falas se mesmo eu acreditando as coisas nunca mudam.

Já corri - na verdade voei, dezenas de quilômetros só pra sentir o teu abraço e ver o teu sorriso que eu gosto tanto. Pra sentir o gosto do teu beijo pela primeira e ultima vez e pra te salvar da bruxa má.
Acho que acabei de achar meu papel nesse filme; eu sou a heroína. Estilo Mulher Maravilha mesmo. E mulher de verdade, porque depois de tudo que eu sofri quando tu me trocou pela mocinha que virou bruxa má, se eu não virasse uma Mulher Maravilha eu não estaria mais viva agora, Senhor Principezinho de merda!

Acho que é loucura, essa minha doença que apelidei de gostar ou simplesmente é loucura o 'tanto', acabar assim, em 'quase nada' .

Fora tudo o que guardei de ti, me restou a tua jaqueta no meu armário - que eu trouxe comigo daquele nosso filme sobre Príncipes e meninas que acham que são mulheres-super-poderosas, essa saudade que só vai passar quando as extremidades das minhas mãos puderem tocar o teu rosto, e uma consideração enorme por tudo aquilo que fomos, por tudo que sonhamos em ser e por tudo que um dia seremos.

Então, acho que entendo a tua curta ligação, o teu aviso de que ainda está vivo e de que eu ainda estou doente, e as tuas palavras meio frias, meio cortantes, meio carentes. Meio, nunca inteiro.
Entendo, de longe. Entendo o último pé virando a esquina, o ultimo cheiro saindo da jaqueta. Não é que entendo. Quem gosta assim não come migalhas porque é melhor do que nada, come porque as migalhas já constituem o nó que ficou na garganta na hora do adeus. Seus pedaços estão colados na gosma entalada de tudo o que acabou em todas as instâncias menos nos meus suspiros.
Entendo a tua ligação, talvez com mesmo carinho e saudade que eu sinto por ti, teu velho dedilhar de dedos nos meus ombros, teu tchauzinho partindo para algo que não me leva junto e talvez nunca mais levará, teu beijinho profundo de perdão pela falta de profundidade nas palavras. Entendo apenas porque toda a lama, toda a raiva, todo o nojo e toda a indignação dessa meu não entendimento, se calam para te ouvir falar que estava com saudades de mim.
E eu continuo sem entender.



Talvez o filme seja apenas parecido ao já visto, não igual. Talvez tenha um final diferente do imaginado, do previsto. Talvez seja melhor, talvez seja sem lágrimas juntamente com a música e os créditos finais. Talvez seja um final feliz.
Me convença, me faça re-re- reacretidar. Me faça ir ao cinema, e ver o filme até o fim.
Me cure de uma vez dessa minha doença, ou adoeça junto comigo, Príncipe.

domingo, 15 de maio de 2011

Letras

É melhor irmos nos acostumando - escreveu ela. Enquanto a manhã não chega, o que nos resta é frio. O frio e o silêncio.
Noite; apenas mais uma que se vai.
Era inverno, e a única coisa que precisávamos era uma boa companhia para aquecer nossos pés que, mesmo embaixo das cobertas, continuavam frios. Não precisávamos de outros cigarros, de diferentes bebidas ou de mais drogas, nós só precisávamos de um pouco mais de amor.
Amor, carinho e atenção. Alguém com os pés quentinhos para ficarem juntos dos nossos, ou até pés frios para fazerem companhia para eles. Só.
Era tudo tão simples, mas tão difícil de se encontrar por aí. Era somente amor. Esse tal que todos tem medo, todos correm, negam quando sentem, dizem que não existe, esse mesmo que todos querem sentir, mas não se permitem.
Tudo isso é medo? Ou somente falta de coragem para confiar em alguém além de nós mesmos? Esse bloqueio todo, afastando qualquer um de nos encostar, de nos conhecer melhor, de nos amar. A culpa é inteiramente nossa! Que bobagem é essa agora? E toda aquela compaixão que compartilhávamos uma vez?

(Tomou mais um gole de sua bebida doce, para contrastar com seu humor ácido, e continuou a escrever, mesmo sabendo que ninguém prestaria atenção no que escrevera. Ela morava no Sul do país, e naquela noite fazia muito frio naquela cidadezinha, por isso resolvera ficar em casa, somente com sua bebida e um filme qualquer que passara na televisão. Havia recusado todos os convites para sair, parecia que algo à segurava em casa aquela noite. Preferia olhar somente a noite escura e fria pela janela do quarto, do que sair e ter de olhar para corpos sem alma e sem amor algum. Apenas almas perdidas; a dela seria apenas mais uma, no meio de uma multidão.
Continuou escrevendo, então.)

Eu entendo que tenham te machucado e tudo mais, me machucaram também. Mas nem por isso deixei de acreditar no amor. Acredito, e muito. Creio e tenho fé de que um dia ainda encontrarei o meu. Um meu, inteirinho e perfeito, só para mim. Acho que é isso que lhes falta, sabe, um pouco de Deus, um pouco de fé em algo ou alguém maior, que melhore as coisas de um dia para o outro, entendem?
Deus, eu não quero ser Você, juro! Só quero tentar pôr mais amor nesses coraçõezinhos solitários e congelados. Não vamos viver para sempre e quero apenas que as pessoas se tornem mais felizes e amorosas lendo o que eu escrevo. Não vamos viver para sempre e o que eu quero é amar e viver por alguém. Viver. Morrer.
Porque no final de tudo, não há outra saída: a gente vira apenas fumaça. Vai voado, se juntando com o ar e sumindo, sumindo e sumindo até não sermos mais vistos. Todos nós. Todos iguais.
Vai amar, vai. Só pra terminar como uma fumaça mais bonita, feliz.
E menos fria.

(Percebeu que já era tarde, e parou por ali. Aquele texto pudera não fazer sentido para muita gente, muita gente podia não lê-lo, e ela sabia que a maioria não gostaria dele, muito menos dela, mas ela estava feliz. Por que naquela noite, ela se sentiu não se sentiu sozinha. Mesmo com os pés gelados e sozinhos embaixo do cobertor, e sem amor nenhum dentro do coração. Ela teve uma companhia: as letras. Seu mais novo amor.
Botou o ponto final, e foi dormir. Naquela noite fria: sorrindo.)

sábado, 16 de abril de 2011

(Delete)

Ando com o coração partido, um arame farpado ao redor dos meus sentidos, que me deixa cada vez mais zonza. Cada vez mais sem saber o que fazer. Gritando, cada vez mais forte para a direção errada, para o lado contrário, para pessoas que usam as orelhas apenas para pendurar enfeites.
Já sem voz, mudo a direção dos gritos: sem sucesso novamente. Rouca.
Uma hora a gente cansa, ?
A realidade, é que ninguém gosta de ouvir a verdade. Muito menos gritada aos quatro ventos por uma voz desacreditada, e cansada dessa coisa toda.
Gritando, por não ter nada melhor pra fazer, por prazer.
Prazer; sou mais uma nesse mundão que deixou de acreditar.
Cadê tu aqui, pra me provar que eu ainda acredito?
Novamente, grito. Clamo, peço: sem sucesso.
Avisei que não acredito mais, então deu de gritar, clamar, pedir e chorar.
Sabe, às vezes eu queria parar de pensar por uns segundos, só pra minha cabeça descansar um pouco. Daqui uns meses acho que enlouqueço de vez. Tomara!
A música alta e todas essas pessoas ao meu redor, me fazem pensar cada vez mais em coisas que eu nem deveria lembrar. Memória idiota! Essa seria a hora de eu parar de pensar...
Memória é aquilo que a gente tenta esquecer, jura, faz promessa pra santo e tudo mais, mas quando a gente deita na cama, é justamente aquilo que paira pelas nossas pálpebras, nos mostrando que não adianta; nunca vamos esquecer aqueles momentos especiais.
Que pena...
Preciso de um canto para ficar quieta, lendo, respirando, sem fazer nada. Mas essa maldita cabeça não pára de pensar e lembrar, das memórias idiotas sobre nós dois.
Tinha que existir uma tecla de 'delete' na nossa cabeça, tudo seria tão mais fácil e menos poético e romântico. Pelo menos para mim; a que sempre ama mais, a que sempre protege e cuida mais. A que sempre sofre mais que todo o resto do mundo.
A mais dramática também.
Se não faltasse um pedaço, estaríamos completos; se completos, não teríamos o que procurar.
Mas falta, mas não estamos e, temos sim o que procurar. E sabemos muito bem que um dia acharemos. (Será?)
Não adianta eu falar que desacreditei e parei de procurar o que tanto procurei e ainda não encontrei, nunca vou parar de acreditar e procurar, até achar.
Tanto bate até que fura, não é isso que dizem? Acredito, então.
Grito: fé, coragem!
E agora sim, todos me ouvem. Ou talvez eu tenha enlouquecido de vez e é por isso que as pessoas estão me olhando tanto. Vai saber...

Só quero achar um abrigo, e ficar ali; enquanto estiver quentinho e aconchegante.
Sem ter que deletar as memórias sobre isso depois.

domingo, 10 de abril de 2011

Felicidad

O dia ainda não morreu! Me diz, o que te faz feliz? Agora diga, o que te impede de levantar nesse exato instante e correr atrás do que realmente te faz feliz? Medo, ou falta de coragem?
Talvez nenhum dos dois. Talvez, esse problema não tenha mais solução. Te aquieta ai, fica confortável no sofá, porque é agora que o meu show começa.
Chegou a hora de levantar, sem essa de dormir mais cinco minutinhos, vai se atrasar. Corre, lava essa cara e acorda pro mundo. Agradece aos céus por ter o que comer de manhã.
De tarde, e à noite também.
Dá um sorriso! Talvez alguém, nesse mundão lá fora, só precise disso pra voltar a acreditar no amor.
Sai dessa cama, vai viver. E olha ao redor, não só onde ele está. Existem tantos olhos pra você olhar além do dele. Procure novidades!
Pára de julgar pela aparência! Beleza não é tudo, meu caro, e já está mais do que na hora dessa tua ficha cair.
Ouvi um barulho, será que caiu? Se caiu, junta e aposta de novo, temos um grande jogo pela frente.
Vamos lá, não espera ninguém te ligar! Vai, vai pra rua, pra que teu olhar cruze com uns olhares novos e pra que haja pelo menos uma novidade pra contar no fim do dia. Além do mais, não adianta esperar por quem não vai ligar, plantas não nascem em terrenos inférteis, querida. Pode regar, rezar, brigar e chorar, mas não vai adiantar. Infelizmente.
Quem sabe, se cê rodar o mundo, não se depara com aquele gramado que só aparece em filmes ou sonhos, aquele lugar onde até mesmo as rosas ficam encabuladas por estarem ali. Teimosas!
Se permita viver somente com o que te faz bem, livre-se do resto. Ninguém nunca precisou de
restos pra viver, não é mesmo?
Depois disso, vai. Corre! Agarra tudo que te faz realmente feliz e vai viver! Pega uma rosa e sente aquele cheiro bom, um motivo a mais pra cê viver.
Anda rápido, antes que alguém aprenda a fazer o teu amor rir, como só tu sabia. Ou que o teu amor, simplesmente canse de te esperar.
Corre! Vai ser feliz!
Vai ser realmente feliz...

sábado, 2 de abril de 2011

Na lista

Cê sabe que pras banda de cá nunca rolou essa de perfeitinha,
o complicada sobrou pra mim,
e as outras tuas é que devem ser as bundudinha.
Sei que tem fila,
no mínimo do número um ao trinta,
fazer o quê,
tudo que eu quero é que tu não minta,
e nem omita,
sinceridade é o que cola na minha fita.

Sem stress, sem ciumes e sem pressão dessa vez,
vamo deixa rola, que o futuro é a bola da vez.
Sei la, dessa vez quero que dê tudo certo,
sem essa de gente se metendo, e dando teco,
porque só me sinto bem assim,
quando cê tá por perto.

A vida é nossa, e que se foda os outros,
por que quando eu deito, não penso em outros rostos
além do teu.
Cê sabe, que é mesmo de ti que eu gosto,
e tô nem ai, o coração é meu,
sacou, meu guri?

Te imagino agora rindo, lendo isso,
e pensando "que que essa loca tá fazendo?"
te respodendo;
cansei de guarda, tudo isso no meu peito,
e aceito, teu julgamento, risada ou lamento.
Cê sabe, que eu conheço o que tem por dentro,
e esse teu apelido,
pra mim já não tem mais cabimento.

Não minto, meu olhar não esconde mais o eu que sinto,
e agora?
Cê vai guenta, ou pula fora?
Porque na lista, depois de mim tem mais vinte e nove,
Renove! Vai dá uma olhada nessa lista
se sobra mais de 3 decente,
eu me retiro, e hasta la vista.

domingo, 27 de março de 2011

Tic-tac



É isso que me tortura: a página em branco. O destino, ainda não escrito. Tudo o que pode ser, se nós permitirmos que seja, que se torne. O futuro, sempre tão incerto.
Eternos vai-e-vens. Eternos ciclos não encerrados. Por falta de coragem, talvez. Talvez porque realmente ainda não seja a hora de pôr um ponto final neles. Quem sou eu para saber? Quem é você, que ainda me lê?
Tudo isso é tão louco, tão incerto e tão curto. O tempo passa rápido demais, e o que mais me irrita é esse incessante e agudo tic-tac.
(Tic-tac, tic-tac, tic-tac...) E não para.
A noite escura lá fora, me faz lembrar de tudo que eu rezo tanto pra esquecer. Esse tão odiado tic-tac, andam dizendo que é remédio pra isso. Será mesmo?
Do que eu mais tenho medo, é das respostas para essas minhas inúmeras perguntas sem sentido.
Sem sentido? Sem sentir? Indo?
A escuridão que vejo, através da janela reluzente de vidro, me faz pensar em quantos sorrisos tu poderias ter dado, para clarear os olhos de algumas pessoas com a alma já cansada. Cansada como a minha. Cansada de esperar esse tal tic-tac, passar, de uma vez por todas.
Espero...
Meus olhos, já cansados de tanto chorar e olhar tantas informações desnecessárias, se fecham aos poucos. Assim, projeto o teu semblante e as lembranças de nós dois em minhas pálpebras escuras e medrosas, e dou play (como todas as noites). E que comece o show, que comece a minha injeção diária de ti.
Enfim durmo, mais leve, com aquele sorriso de meia boca que tu tanto gostavas, mesmo sem eu saber o porquê. Queria saber...
Amanhã é um novo dia. Uma página em branco, novinha, só para mim. Posso fazer dela o que eu quiser, posso traçar o meu destino, e permitir que minha vida, à cada dia seja menos incerta.
Tem certeza?

(Tic-tac, tic-tac, tic-tac) E ele nunca para.

domingo, 20 de março de 2011

Domingo

Levo uma culpa leve, de nunca ter sido boa o bastante para o amor. No coração, neve, pois nada mais nele restou.
O amor é indolor. O que dói, é o nada que a nossa vida anda fazendo dele. E desse tal, nada sobrou. Nem aqui, nem em lugar nenhum. Que pena não é?
Um mais um, deveriam ser dois. Mas para toda regra, sempre há algumas exceções.
Olhos cheios de lágrimas. Frases sem sentido. Um coração que não sente - ao menos não mais -. Lembranças de algo que ainda não aconteceu. Quem dera eu, poder voltar atrás.
Passado e futuro se encontram, nas esquinas de lugar nenhum. Daqui, de onde meus pés não querem mais sair, não vejo nada.
Problema de visão, ou realidade bifurcada?
Todos aqueles rostos risonhos e felizes, já foram embora. E eu continuo aqui, em busca de um par para entrar nessa dança. Pena que ninguém quer dançar.
Vai, acredita em mim. Vem, dança comigo até o sol nascer. Deixa amanhecer, sem culpa, sem pena, sem amor. Mas não solta tuas mãos da minha cintura, por favor.
Peço, clamo, grito, reclamo. E nada muda.
Nessa festa, as luzes já se apagaram. Pelo chão, apenas alguns pequenos pedaços restaram.
Não temos o porque temer, fizemos tudo o que podíamos fazer.
Teus ouvidos esperavam por um "adeus". Minha boca, teimosa, insistiu em dizer o contrário.
Esperei até a ultima cena, pra ver se a minha história também ia ter um final feliz. Teve, mas não foi um final tão feliz assim. Ouvi apenas um longo e baixo, "adeus".
E foi só isso que aconteceu.

domingo, 13 de março de 2011

Deixo que Martha Medeiros fale por mim...

A vida te dá uma rasteira. Você cai, tropeça, o sonho borra a maquiagem, o coração se espalha. Você sente dor, perde o rumo, perde o senso e promete: paixão, nunca mais. Você sente que nunca irá amar alguém de novo, que amor é conversa de botequim, ilusão de sentido, que só funciona direito para fazer música, poesia e roteiro de cinema. E você inventa. Um amor pra distrair. Um amor pra ins-pirar. Um amor pra trans-pirar. Uma paixão aqui, um quase-amor ali. Ainda bem que existem amigos para amar, abraçar, sorrir, cantar, escrever em recibos e tirar fotos bonitas. E a vida segue. Feliz. Sua imaginação te preenche, seus amigos te dão colo, vodka e dias incríveis.
Aí do nada ele surge. Ele. Ele que é diferente de tudo. Ele que é tudo. Mas tudo não existe. Ele sim. Ele existe. E gosta de música romantica, de praia, de palavras simples e café na cama. Ele que é lindo. Vocês estão ouvindo? LINDO! infinitamente lindo por dentro. Que tem sonhos molhados, planos no varal e o coração atirado na mala.
Ele que não se parece com nada. Ele que combina comigo. E não tem medo. Será que estou sonhando? ELE NÃO TEM MEDO! Ele não gosta do morno, de mais ou menos, de música feia, nem sentimento pequeno. Ele que me abriu o verbo, me fez chorar, escancarou o coração, confessou o que não se diz e me sentiu. Lá de longe, no fim do mundo, ele me sentiu.
Me enxergou por dentro, me chamou de anjo, disse que eu sorria lindo e me deixou tímida. Entenderam? Ele me deixou tímida! E me mandou músicas lindas, cartas lindas, devolveu minha esperança, me fez querer acreditar de novo. Ele que gosta de jogo, que tem o sorriso mais lindo do mundo, que não pára nunca de sorrir e me olhar.
Ele que não pára nunca de se buscar e me encontrar... Ai, pára tudo. Eu quero um All Star porque eu vou casar. Eu não gosto de tênis, vivo de salto ou chinelo, mas eu quero um All Star 35 porque eu vou me casar com ele.
Porque planos nem sempre dão certo e a gente tem que ousar e desafiar a razão: eu vivo para sentir. E eu sinto que quero estar com ele. Agora. Quero viver com ele na casa de armário pequeno, ter uma filha que não se chama Maria e viver de amor. Sem medo. Sem planos a longo prazo. Vou viver e ser. Vou viver, ser e amar. Vou viver, ser, escrever e amar. Com ele. Até o fim.

Martha Medeiros

sábado, 5 de março de 2011

Agora

Mas tudo está bem agora, eu digo: agora.
Houve uma mudança de planos e eu me sinto incrivelmente leve e feliz. Descobri tantas coisas. Tantas, Tantas. Existe tanta coisa mais importante nessa vida que sofrer por amor. Que viver um amor. Tantos amigos. Tantos lugares. Tantas frases e livros e sentidos. Tantas pessoas novas. Indo. Vindo. Tenho só um mundo pela frente. E olhe pra ele. Olhe o mundo! É tão pequeno diante de tudo o que sinto. Sofrer dói. Dói e não é pouco. Mas faz um bem danado depois que passa. Descobri, ou melhor, aceitei: eu nunca vou esquecer o amor da minha vida. Nunca. Mas agora, com sua licença. Não dá mais para ocupar o mesmo espaço. Meu tempo não se mede em relógios. E a vida lá fora, me chama!

Fernanda Mello

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Mi pájaro cuarto


E hoje eu sinto saudades do que deixei no passado, com medo de perder no futuro. Sinto falta também do que não fiz, por medo do julgamento dos outros.
Medo: estado emocional resultante da consciência de perigo ou de ameaça, reais, hipotéticos ou imaginários, fobia, pavor, terror. Ausência de coragem. Preocupação com determinado fato ou com determinada possibilidade. No meu caso, somente medo de te perder.
Mas aliás, já não perdi?
Os dias passaram, e eu cansei. Cansei de um amor que não era correspondido. Cansei de acordar em noites frias e chuvosas desejando tua presença, desejando sentir teu cheiro no ar, e a nossa música no rádio. Ilusão.
Chega. Não desejo mais isso, apesar do meu subconsciente e meu coração não aceitarem essa decisão que minha cabeça tomou. Na verdade não foi uma opção, mas uma necessidade. Se eu não parasse com isso, ia acabar morrendo. Morrendo por amor. E eu não quero isso pra mim.
Lembro daquele dia, que tu disseste ser o meu quarto pássaro, aquele que não está tatuado em meu corpo, junto aos outros três. Agora percebo que talvez não seja por acaso. Talvez esse quarto pássaro, não mereça estar ali. Talvez ele nunca possa ocupar um lugar junto de mim. Um lugar em mim.
Acho que a única razão de sermos tão apegados em memórias, é que elas não mudam, mesmo que as pessoas, ou suas decisões, tenham mudado. Mas meu coração cansou de viver só de memórias. Memórias de coisas que eu nem sei se realmente foram reais. De sentimentos que eu nem sei se foram reais.
E agora, onde está meu quarto pássaro?

O tão falado quarto pássaro, voou. Pra longe de mim, e do meu pensamento. Assim como o resto de amor que eu tinha guardado pra ti. Afinal, pássaros voam, não é?

sábado, 12 de fevereiro de 2011

A(mor) flor

As gotas dessa chuva forte que caem lá fora, escorrem pelo vidro. Observo. Ainda estagnada com a perfeição daqueles movimentos naturais. Percebo que aquelas gotas deslizando pelo vidro, quase imperceptíveis aos olhos dos desatentos, se parecem muito com as minhas lágrimas, que mesmo sem caírem e escorrerem pelo meu rosto, são percebidas através da tristeza dos meus olhos à quem me conhece bem. Logo eu, aquela que estava sempre sorrindo e ajudando os outros, de uns tempos pra cá, tornava-se (aos poucos, e mesmo sem querer) a mais quieta e triste daquele quarteirão de gente. Gente? Pessoas com as veias cheias de álcool, a cabeça de pornografia e o coração, (o que pra mim sempre foi o mais importante) vazio.
Olha quem falando. Eu, que sempre estive com o coração mais vazio que parque de diversões em dias de chuva, falando sobre gente de corações vazios. Não tenho esse direito.
Eu queria mesmo, era dizer diferente, aquilo que todo mundo sente mas não consegue expressar. E nem isso eu consigo mais.

O fato é; a planta havia morrido há semanas, e durante todo aquele tempo eu continuei a rezar para que chovesse, para que a água da chuva à regasse, para que ela continuasse a viver, ali, por perto de mim, para mim. E fim.
Mas a gente cansa. Cansa de rezar, clamar, chorar, gritar, e pedir; reciprocidade. Só.
Cansei de remar contra a maré dos amores e afetos: sempre desfavorável, à mim. Sempre com os ventos desfavoráveis ao meu coração.
Penso, agora longe de toda aquela maresia; vai ver é tu quem comandas esses tais ventos desfavoráveis.

Não tenho mais forças, cansei de lutar. Tentei com todas as minhas armas te desarmar e te fazer parar de pensar em outro rosto além do meu, mas não deu. A poesia é antiga. A rima, não existe mais. As linhas se perderam em algum momento do árduo e longo caminho até em casa. E não se pode mais voltar. Não se pode mais achar.
São rascunhos perdidos, de frases de amor engasgadas em gargantas com gosto de álcool, verdade e distância.
E não há mais nada a dizer.

Hoje, depois de muito tempo rezando, a única coisa que eu não queria que acontecesse,
aconteceu; choveu. Mas não mais para reviver a flor que eu tanto quis viva para mim, e sim para levar os restos dela para bem longe daqui.

Pára chuva, pára logo. Antes que eu me arrependa de deixar a flor que eu tanto cuidei e amei, ir embora pra sempre.
Pára chuva, pára agora, antes que eu admita que nunca vou deixar de ama-la.
Pára agora chuva, pára de cair e machucá-la, pára antes que eu decida ir salvá-la.
Pára chuva, antes que eu deixe claro aqui, que escrever é bem mais fácil do que sentir.

E no momento em que caíram gotas de chuva de meus olhos, a chuva que caía lá fora, parou.



quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Corazón


Por um segundo, fujo da realidade. Me projeto novamente para as minhas doces memórias, e para tudo que deixei para trás. Que deixei contigo, e tenho medo de não conseguir voltar para pegar de volta.
Cartas à serem enviadas, um perfume que parece não ter fim. Escrevo aqui sobre as casualidades do destino, as coisas que mesmo sem querer, aconteceram como tinham que acontecer. Sobre as músicas sem ritmo e sem melodia, até mesmo sem letra, mas que mexiam comigo mais do que nenhuma outra música perfeita. Sobre tuas frases unilaterais e intermináveis sobre amor, sobre promessas quebradas e esperanças renovadas. Sobre nossos sonhos e planos, histórias com começos românticos e finais diferente dos romances normais.
Momentos, cheiros, planos e palavras que eu nunca mais hei de esquecer. Homem que eu nunca mais hei de esquecer.
O que tem aqui, longe dos teus olhos, é um coração com saudade.
O que tem aí, perto da minha mente, é uma alma habitada por outro rosto.
Não há mais nada a dizer. Não há mais o que eu fazer, já tentei esquecer e não deu certo.
Me conformo, mas te informo: assim como algo teu ficou comigo, algo muito maior meu, ficou contigo. Cuida direitinho.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Recuerdo


Já se passaram dez dias desde a última vez que o vi. Não contem a ele, mas ando cabisbaixa, desanimada e chorando por qualquer coisa.
Nunca achei que sera fácil, mas também nunca pensei que poderia ser tão difícil e doloroso como está sendo.
Se eu conseguisse, juro que estaria por aí na rua, em festas, bebendo, tentando de todas as maneiras não lembrar dele, mas não é bem assim. Não para mim, não consigo fingir felicidade, nem ser pseudo-feliz. Pelo menos não depois de ter conhecido a real felicidade quando no silêncio de um abraço, senti o coração dele batendo forte junto ao meu.
Agora,sinto o vento forte tocar meu rosto, e lembro de todas as vezes em que os dedos frios e os lábios delicados dele me tocaram. Fecho os meus olhos, e sinto-os encherem de lágrimas, imagino se tu pensas em mim com a mesma saudade e compaixão em que eu penso em ti nesse exato momento. As lágrimas escorrem pelo meu rosto.
Preciso saber se comeu, se saiu, quantos cigarros fumou, se gargalhou, e principalmente se sentiu esse mesmo vento te tocar, e lembrou de mim. Longe ou perto, preciso saber o que fazes. Preciso tentar de alguma maneira estar contigo. Te cuidar, te proteger, secar as tuas lágrimas e depois, sorrir contigo, como sempre foi. Preciso te ter por perto, preciso te sentir perto. Mesmo que de longe.
Queria eu, poder ser esse vento e chegar até teu corpo, só para poder te tocar mais uma vez. Antes que esse dia terminasse como todos os outros.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Quando eu saí de uma importante depressão, eu disse a mim mesma que o mundo no qual eu acreditava deveria existir em algum lugar do planeta. Nem se fosse apenas dentro de mim... Mesmo se ele não existisse em canto algum, se eu, pelo menos, pudesse construi-lo em mim, como um templo das coisas mais bonitas em que eu acredito, o mundo seria sim bonito e doce, o mundo seria cheio de amor, e eu nunca mais ficaria doente. E, nesse mundo, ninguém precisa trocar amor por coisa alguma porque ele brota sozinho entre os dedos da mão e se alimenta do respirar, do contemplar o céu, do fechar os olhos na ventania e abrir os braços antes da chuva. Nesse mundo, as pessoas nunca se abandonam. Elas nunca vão embora porque a gente não foi um bom menino. Ou porque a gente ficou com os braços tão fraquinhos que não consegue mais abraçar e estar perto. Mesmo quando o outro vai embora, a gente não vai. A gente fica e faz um jardim, qualquer coisa para ocupar o tempo, um banco de almofadas coloridas, e pede aos passarinhos não sujarem ali porque aquele é o banco do nosso amor, do nosso grande amigo. Para que ele saiba que, em qualquer tempo, em qualquer lugar, daqui a não sei quantos anos, ele pode simplesmente voltar, sem mais explicações, para olhar o céu de mãos dadas.

Rita Apoena

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Janeiro


Se queres vir, venha. Talvez eu também queira.
Traga-me, e me dê o teu melhor.
Aproveitas tu, e entras na dança, que nem criança sem orgulho que aceita como brincadeira a mudança alheia, e mudas também. Fique bem.
Seca essas lágrimas que caem dos teus olhos tristes de saudade, e que quando às vejo, não sei o que fazer, não sei o que falar. Seque essas lágrimas, e as faça sumirem de vez. Percebes que, não combinam com o seu rosto, tanto desgosto, e que talvez, já seja a hora de sorrir, como nos velhos tempos. Como no nosso tempo.
Se acalme, tente ficar bem.
Não quero que me esqueças, não percas a cabeça. Tudo aquilo foi tão lindo, estará pra sempre na minha lembrança. E comigo, viajou a esperança, de poder ainda te ver, e te ter tuas mãos junto das minhas, novamente.
Fico lembrando, repassando mil vezes aquele nosso filme de amor, e acabo sempre chorando, feito criança indefesa. Lembro de cada cena, cada minúscula parte do tempo que tivemos juntos. Lembro principalmente das partes em que eu fechava os olhos, e a única coisa que eu pensava, era em como teria coragem de te deixar. Era tudo tão mágico e lindo, que eu não conseguia ficar muito tempo pensando nisso, pensava em como aquilo, como tu, e todo aquele teu amor, me faziam bem. Um bem tão grande, que eu chegava a ter medo. Medo de te perder. Como tu me davas coragem pra enfrentar qualquer coisa, será que eu aguentaria uma despedida?
Por que o tempo não para? Eu não sei. Queria que ele parasse quando eu estava em teus braços.
E nessa hora, triste, de despedida, tentei me mostrar o mais forte possível. Mas tu me conhecias, como olhar no fundo dos teus olhos sem derramar uma lágrima, sabendo que estão arrancando um pedaço do meu corpo e do meu coração, e que as feridas ali feitas, vão demorar muito tempo para cicatrizar? Não tem como não chorar, e eu chorei. Muito. Quando vi que de todo aquele sonho real, me restariam só boas lembranças, desabei. Perdi completamente as forças, me senti sem chão.
Acho que realmente tu te tornastes a minha força, a minha coragem e o meu chão. E essas são as únicas coisas que eu preciso para viver daqui pra frente. Só preciso de ti, e dos sentimentos bons que tu me trazes.
Tu fizeste o meu Janeiro. Tu fostes o meu Janeiro. E quero que tu faças e sejas, muitos Janeiros, Fevereiros e Marços na minha vida.
Todos os meus sorrisos e abraços, agora são teus. Está tudo bem.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Mi abrigo


Traz contigo meu abrigo, traz
me esfria no calor com esse teu amor.
Queria te ter mais perto,
como quem quer água no deserto.
Queria te ver de longe, quando não sei pra onde
não sei pra onde olhar, teus fleches vão me cegar.
Corro, onde me escondo já nem sei mais.
Se não tem braço, nem abraço,
se fujo do acaso pra não me matar.
Deserto mesmo, é mundo sem ti.

De ti, não espero mais nada.
Sem mais beijos descompromissados pelas esquinas, nas madrugadas.
Se pudesses me dar, até te pediria mais amor
mas como andam as coisas, ficarei só com a minha, e a tua dor.
Ficarei com a falta, que condena e me cala.
Com a pena, do nosso passado amargo que hoje trago no peito.

Me ajeita no meu leito, daquele teu jeito
bobo, que pede socorro quando te bato com o travesseiro.
Esse, que já ouviu tanto, tão mesmo pranto.
Que de maquiagem já borrado, talvez até meio surrado, confiou segredos.
Meus medos, teus medos,
e mais alguns segredos.
Medo de ir, medo de ficar,
enfim parado, fica no lugar.
Olhando pra mim, olhando pra si,
talvez se pergunte o que ainda fazes aqui.

Traz contigo uma reposta,
sei que minha procura, não te importa.
Mas abre essa porta, deixa eu entrar
deixa eu te mostrar todo amor que eu tenho pra te dar.
Te provar.
Não quero ter que te lembrar de trancar a porta depois,
esse lugar, eu fiz só pra nós dois,
mais ninguém.
Nada além.
E que assim seja, Amém.

E se não disse que era amor, agora digo.
Vem, vem ser meu abrigo.



Agradecimentos especiais pela ajuda na formação do texto ao queridíssimo @oguigz, (Guilherme Cavion).