quarta-feira, 13 de julho de 2011

Príncipe

Eu não entendo porquê agora, nem porquê de novo, nem o porquê disso tudo.
Não entendo porque toda vez que estou quase curada dessa doença que é gostar de ti, tu apareces de novo, me mostrando que eu não tenho mais solução, que essa minha doença não tem cura.
Eu te odeio com toda essa minha doença chamada gostar. Eu te odeio com todo esse meu quase-amor.

Eu acho já vi esse filme, mas não lembro do final.

Toda pessoa de cabelo com o mesmo corte que o teu que entrava nos lugares onde eu frequentava à algum tempo atrás, eu achava que era tu. Assim como acho quando estou na rua, no supermercado, na fila do cinema, dormindo. Virei uma caçadora de pessoas parecidas contigo. Virei uma caçadora de ti em todas as pessoas. E repito, eu não entendo o porquê. Porque eu sei que não vou te encontrar na rua, nem no supermercado, nem na fila do cinema, nem em lugar nenhum, porque tu estás longe de mim.
Eu só queria poder te ver, só ver.

Eu te acho bonito de formas tão variadas e profundas , e eu me odeio por ser tão idiota. Eu me odeio por ter deixado com que essa ligação, apenas para dizer que o teu namoro com aquela guria que sempre te fez mal, que eu sempre avisei que só te faria mal, acabou. (Bingo! Acertei mais uma cena do filme.) E eu, burra, deixei com que esse mero telefonema e algumas palavras que tu sabes que eu gosto de ouvir, me afetassem tão fortemente como um soco de buquê de flores de aço no meu estômago.
Sabe, no fundo eu não me importo em ser apenas teu ponto de fuga pra esquecer daquela, que ao contrário de mim, só te fez mal. Não me importo mesmo, se com isso tu voltes a ser aquele Príncipe que tu sempre foi quando estávamos próximos fisicamente.
Eu gosto de ti por isso, porque tu sempre foi meu Príncipe, tu sempre foi tudo que eu sempre quis, tudo que eu sempre pensei que ninguém seria.Tu sempre foi tudo que eu pensei que ninguém seria, mas nunca foi meu. E se foi, foram apenas dois ou três dias, mas não me importa se foram mil ou três dias, tem muita saudade desses dias aqui dentro de mim.

Lembrei de mais uma cena do filme; a hora que o Príncipe percebe que a mocinha que ele achava que era a princesa, na verdade era a bruxa. E é nessa hora que eu entro, não é? Na hora em que não sobra mais ninguém ao teu redor, na hora em que tu não queres mais que a bruxa má habite os teus bons pensamentos. E eu falo, repetidamente, que eu não entendo o porquê desse meu eterno acredito-em-tudo-que-tu-falas se mesmo eu acreditando as coisas nunca mudam.

Já corri - na verdade voei, dezenas de quilômetros só pra sentir o teu abraço e ver o teu sorriso que eu gosto tanto. Pra sentir o gosto do teu beijo pela primeira e ultima vez e pra te salvar da bruxa má.
Acho que acabei de achar meu papel nesse filme; eu sou a heroína. Estilo Mulher Maravilha mesmo. E mulher de verdade, porque depois de tudo que eu sofri quando tu me trocou pela mocinha que virou bruxa má, se eu não virasse uma Mulher Maravilha eu não estaria mais viva agora, Senhor Principezinho de merda!

Acho que é loucura, essa minha doença que apelidei de gostar ou simplesmente é loucura o 'tanto', acabar assim, em 'quase nada' .

Fora tudo o que guardei de ti, me restou a tua jaqueta no meu armário - que eu trouxe comigo daquele nosso filme sobre Príncipes e meninas que acham que são mulheres-super-poderosas, essa saudade que só vai passar quando as extremidades das minhas mãos puderem tocar o teu rosto, e uma consideração enorme por tudo aquilo que fomos, por tudo que sonhamos em ser e por tudo que um dia seremos.

Então, acho que entendo a tua curta ligação, o teu aviso de que ainda está vivo e de que eu ainda estou doente, e as tuas palavras meio frias, meio cortantes, meio carentes. Meio, nunca inteiro.
Entendo, de longe. Entendo o último pé virando a esquina, o ultimo cheiro saindo da jaqueta. Não é que entendo. Quem gosta assim não come migalhas porque é melhor do que nada, come porque as migalhas já constituem o nó que ficou na garganta na hora do adeus. Seus pedaços estão colados na gosma entalada de tudo o que acabou em todas as instâncias menos nos meus suspiros.
Entendo a tua ligação, talvez com mesmo carinho e saudade que eu sinto por ti, teu velho dedilhar de dedos nos meus ombros, teu tchauzinho partindo para algo que não me leva junto e talvez nunca mais levará, teu beijinho profundo de perdão pela falta de profundidade nas palavras. Entendo apenas porque toda a lama, toda a raiva, todo o nojo e toda a indignação dessa meu não entendimento, se calam para te ouvir falar que estava com saudades de mim.
E eu continuo sem entender.



Talvez o filme seja apenas parecido ao já visto, não igual. Talvez tenha um final diferente do imaginado, do previsto. Talvez seja melhor, talvez seja sem lágrimas juntamente com a música e os créditos finais. Talvez seja um final feliz.
Me convença, me faça re-re- reacretidar. Me faça ir ao cinema, e ver o filme até o fim.
Me cure de uma vez dessa minha doença, ou adoeça junto comigo, Príncipe.

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