domingo, 18 de setembro de 2011

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O sol nasceu e já foi embora, e eu nem notei a tarde passar. A janela do meu quarto continua aberta desde a hora em que levantei para não fazer xixi na cama. Depois disso, me deitei novamente no mesmo lugar e na mesma posição na qual estou agora. Agora, um vento consideravelmente frio entra por essa janela, e me faz ficar com vontade de cobrir as minhas pernas, já geladas. Domingos são uma merda, realmente.
Mas convenhamos, domingos são ainda piores depois que começam com madrugadas de sábado estranhas, onde paro para me perguntar se a errada sou eu -pelas coisas serem sempre previsíveis e iguais demais, ou se o errado são os outros, os outros nessa, e em todas as outras vezes. Mas acho que não, acho que nesse jogo quem precipitou as jogadas fui então, então, a errada sou eu, e sempre fui somente eu. Porque não pode, não pode -e repito, não pode, esse outro não podia estar errado.
Quem sabe, na minha cabeça cheia de dúvidas e indiferença, tudo seja diferente dessa tal realidade que me cerca, ou quem sabe essa realidade apenas não se enquadre no que eu acredito ser o certo. Certo como ele sempre pareceu ser para mim, mesmo depois dessa madrugada toda errada, mesmo depois desse distanciamento físico, mesmo depois de palavras grossamente ditas, mesmo depois da dor estranha que eu senti apertar o peito, uma dor que eu não costumo sentir, admito. Mesmo assim, depois de tudo isso, ele continua parecendo ser o certo. Mas agora, as peças se movem e a questão não é mais esta.. a questão é pensar se eu sou a certa para ele.
Logo eu, que sempre fui boa em dar respostas curtas, respostas longas, enfim... respostas. Perguntas nunca foram um obstáculo, foram apenas o caminho que eu procurava para me entender melhor. Aí você chega, e as respostas não aparecem mais com facilidade, as perguntas -que antes me guiavam para frente, agora me deixam estática, sem reação, sem saber se essa pergunta se quer tem uma resposta.
Estática e sem reação como na noite passada, quando te vi beijando outras bocas, e teus olhos me olhando, descrentes em me ver ali sozinha. É, acho que a minha peça foi descartada do jogo.
Sabe.. acho que talvez o quebra-cabeça tenha apenas perdido a sequência, como se uma criança viesse e desmontasse todo o trabalho que passamos, mesmo sem perceber, de construí-lo.
É engraçado, mas eu não me importaria de começar a montá-lo de novo, lá do início, com todas as mesmas peças mas com diferentes e melhores jogadas, se você aceitasse fazer isso ao meu lado.


(Ajuda na formação do texto de Mozart Gobbi Jr. Muito obrigada, irmão.)

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