sábado, 16 de abril de 2011

(Delete)

Ando com o coração partido, um arame farpado ao redor dos meus sentidos, que me deixa cada vez mais zonza. Cada vez mais sem saber o que fazer. Gritando, cada vez mais forte para a direção errada, para o lado contrário, para pessoas que usam as orelhas apenas para pendurar enfeites.
Já sem voz, mudo a direção dos gritos: sem sucesso novamente. Rouca.
Uma hora a gente cansa, ?
A realidade, é que ninguém gosta de ouvir a verdade. Muito menos gritada aos quatro ventos por uma voz desacreditada, e cansada dessa coisa toda.
Gritando, por não ter nada melhor pra fazer, por prazer.
Prazer; sou mais uma nesse mundão que deixou de acreditar.
Cadê tu aqui, pra me provar que eu ainda acredito?
Novamente, grito. Clamo, peço: sem sucesso.
Avisei que não acredito mais, então deu de gritar, clamar, pedir e chorar.
Sabe, às vezes eu queria parar de pensar por uns segundos, só pra minha cabeça descansar um pouco. Daqui uns meses acho que enlouqueço de vez. Tomara!
A música alta e todas essas pessoas ao meu redor, me fazem pensar cada vez mais em coisas que eu nem deveria lembrar. Memória idiota! Essa seria a hora de eu parar de pensar...
Memória é aquilo que a gente tenta esquecer, jura, faz promessa pra santo e tudo mais, mas quando a gente deita na cama, é justamente aquilo que paira pelas nossas pálpebras, nos mostrando que não adianta; nunca vamos esquecer aqueles momentos especiais.
Que pena...
Preciso de um canto para ficar quieta, lendo, respirando, sem fazer nada. Mas essa maldita cabeça não pára de pensar e lembrar, das memórias idiotas sobre nós dois.
Tinha que existir uma tecla de 'delete' na nossa cabeça, tudo seria tão mais fácil e menos poético e romântico. Pelo menos para mim; a que sempre ama mais, a que sempre protege e cuida mais. A que sempre sofre mais que todo o resto do mundo.
A mais dramática também.
Se não faltasse um pedaço, estaríamos completos; se completos, não teríamos o que procurar.
Mas falta, mas não estamos e, temos sim o que procurar. E sabemos muito bem que um dia acharemos. (Será?)
Não adianta eu falar que desacreditei e parei de procurar o que tanto procurei e ainda não encontrei, nunca vou parar de acreditar e procurar, até achar.
Tanto bate até que fura, não é isso que dizem? Acredito, então.
Grito: fé, coragem!
E agora sim, todos me ouvem. Ou talvez eu tenha enlouquecido de vez e é por isso que as pessoas estão me olhando tanto. Vai saber...

Só quero achar um abrigo, e ficar ali; enquanto estiver quentinho e aconchegante.
Sem ter que deletar as memórias sobre isso depois.

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