sábado, 19 de fevereiro de 2011

Mi pájaro cuarto


E hoje eu sinto saudades do que deixei no passado, com medo de perder no futuro. Sinto falta também do que não fiz, por medo do julgamento dos outros.
Medo: estado emocional resultante da consciência de perigo ou de ameaça, reais, hipotéticos ou imaginários, fobia, pavor, terror. Ausência de coragem. Preocupação com determinado fato ou com determinada possibilidade. No meu caso, somente medo de te perder.
Mas aliás, já não perdi?
Os dias passaram, e eu cansei. Cansei de um amor que não era correspondido. Cansei de acordar em noites frias e chuvosas desejando tua presença, desejando sentir teu cheiro no ar, e a nossa música no rádio. Ilusão.
Chega. Não desejo mais isso, apesar do meu subconsciente e meu coração não aceitarem essa decisão que minha cabeça tomou. Na verdade não foi uma opção, mas uma necessidade. Se eu não parasse com isso, ia acabar morrendo. Morrendo por amor. E eu não quero isso pra mim.
Lembro daquele dia, que tu disseste ser o meu quarto pássaro, aquele que não está tatuado em meu corpo, junto aos outros três. Agora percebo que talvez não seja por acaso. Talvez esse quarto pássaro, não mereça estar ali. Talvez ele nunca possa ocupar um lugar junto de mim. Um lugar em mim.
Acho que a única razão de sermos tão apegados em memórias, é que elas não mudam, mesmo que as pessoas, ou suas decisões, tenham mudado. Mas meu coração cansou de viver só de memórias. Memórias de coisas que eu nem sei se realmente foram reais. De sentimentos que eu nem sei se foram reais.
E agora, onde está meu quarto pássaro?

O tão falado quarto pássaro, voou. Pra longe de mim, e do meu pensamento. Assim como o resto de amor que eu tinha guardado pra ti. Afinal, pássaros voam, não é?

sábado, 12 de fevereiro de 2011

A(mor) flor

As gotas dessa chuva forte que caem lá fora, escorrem pelo vidro. Observo. Ainda estagnada com a perfeição daqueles movimentos naturais. Percebo que aquelas gotas deslizando pelo vidro, quase imperceptíveis aos olhos dos desatentos, se parecem muito com as minhas lágrimas, que mesmo sem caírem e escorrerem pelo meu rosto, são percebidas através da tristeza dos meus olhos à quem me conhece bem. Logo eu, aquela que estava sempre sorrindo e ajudando os outros, de uns tempos pra cá, tornava-se (aos poucos, e mesmo sem querer) a mais quieta e triste daquele quarteirão de gente. Gente? Pessoas com as veias cheias de álcool, a cabeça de pornografia e o coração, (o que pra mim sempre foi o mais importante) vazio.
Olha quem falando. Eu, que sempre estive com o coração mais vazio que parque de diversões em dias de chuva, falando sobre gente de corações vazios. Não tenho esse direito.
Eu queria mesmo, era dizer diferente, aquilo que todo mundo sente mas não consegue expressar. E nem isso eu consigo mais.

O fato é; a planta havia morrido há semanas, e durante todo aquele tempo eu continuei a rezar para que chovesse, para que a água da chuva à regasse, para que ela continuasse a viver, ali, por perto de mim, para mim. E fim.
Mas a gente cansa. Cansa de rezar, clamar, chorar, gritar, e pedir; reciprocidade. Só.
Cansei de remar contra a maré dos amores e afetos: sempre desfavorável, à mim. Sempre com os ventos desfavoráveis ao meu coração.
Penso, agora longe de toda aquela maresia; vai ver é tu quem comandas esses tais ventos desfavoráveis.

Não tenho mais forças, cansei de lutar. Tentei com todas as minhas armas te desarmar e te fazer parar de pensar em outro rosto além do meu, mas não deu. A poesia é antiga. A rima, não existe mais. As linhas se perderam em algum momento do árduo e longo caminho até em casa. E não se pode mais voltar. Não se pode mais achar.
São rascunhos perdidos, de frases de amor engasgadas em gargantas com gosto de álcool, verdade e distância.
E não há mais nada a dizer.

Hoje, depois de muito tempo rezando, a única coisa que eu não queria que acontecesse,
aconteceu; choveu. Mas não mais para reviver a flor que eu tanto quis viva para mim, e sim para levar os restos dela para bem longe daqui.

Pára chuva, pára logo. Antes que eu me arrependa de deixar a flor que eu tanto cuidei e amei, ir embora pra sempre.
Pára chuva, pára agora, antes que eu admita que nunca vou deixar de ama-la.
Pára agora chuva, pára de cair e machucá-la, pára antes que eu decida ir salvá-la.
Pára chuva, antes que eu deixe claro aqui, que escrever é bem mais fácil do que sentir.

E no momento em que caíram gotas de chuva de meus olhos, a chuva que caía lá fora, parou.



quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Corazón


Por um segundo, fujo da realidade. Me projeto novamente para as minhas doces memórias, e para tudo que deixei para trás. Que deixei contigo, e tenho medo de não conseguir voltar para pegar de volta.
Cartas à serem enviadas, um perfume que parece não ter fim. Escrevo aqui sobre as casualidades do destino, as coisas que mesmo sem querer, aconteceram como tinham que acontecer. Sobre as músicas sem ritmo e sem melodia, até mesmo sem letra, mas que mexiam comigo mais do que nenhuma outra música perfeita. Sobre tuas frases unilaterais e intermináveis sobre amor, sobre promessas quebradas e esperanças renovadas. Sobre nossos sonhos e planos, histórias com começos românticos e finais diferente dos romances normais.
Momentos, cheiros, planos e palavras que eu nunca mais hei de esquecer. Homem que eu nunca mais hei de esquecer.
O que tem aqui, longe dos teus olhos, é um coração com saudade.
O que tem aí, perto da minha mente, é uma alma habitada por outro rosto.
Não há mais nada a dizer. Não há mais o que eu fazer, já tentei esquecer e não deu certo.
Me conformo, mas te informo: assim como algo teu ficou comigo, algo muito maior meu, ficou contigo. Cuida direitinho.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Recuerdo


Já se passaram dez dias desde a última vez que o vi. Não contem a ele, mas ando cabisbaixa, desanimada e chorando por qualquer coisa.
Nunca achei que sera fácil, mas também nunca pensei que poderia ser tão difícil e doloroso como está sendo.
Se eu conseguisse, juro que estaria por aí na rua, em festas, bebendo, tentando de todas as maneiras não lembrar dele, mas não é bem assim. Não para mim, não consigo fingir felicidade, nem ser pseudo-feliz. Pelo menos não depois de ter conhecido a real felicidade quando no silêncio de um abraço, senti o coração dele batendo forte junto ao meu.
Agora,sinto o vento forte tocar meu rosto, e lembro de todas as vezes em que os dedos frios e os lábios delicados dele me tocaram. Fecho os meus olhos, e sinto-os encherem de lágrimas, imagino se tu pensas em mim com a mesma saudade e compaixão em que eu penso em ti nesse exato momento. As lágrimas escorrem pelo meu rosto.
Preciso saber se comeu, se saiu, quantos cigarros fumou, se gargalhou, e principalmente se sentiu esse mesmo vento te tocar, e lembrou de mim. Longe ou perto, preciso saber o que fazes. Preciso tentar de alguma maneira estar contigo. Te cuidar, te proteger, secar as tuas lágrimas e depois, sorrir contigo, como sempre foi. Preciso te ter por perto, preciso te sentir perto. Mesmo que de longe.
Queria eu, poder ser esse vento e chegar até teu corpo, só para poder te tocar mais uma vez. Antes que esse dia terminasse como todos os outros.