domingo, 27 de março de 2011

Tic-tac



É isso que me tortura: a página em branco. O destino, ainda não escrito. Tudo o que pode ser, se nós permitirmos que seja, que se torne. O futuro, sempre tão incerto.
Eternos vai-e-vens. Eternos ciclos não encerrados. Por falta de coragem, talvez. Talvez porque realmente ainda não seja a hora de pôr um ponto final neles. Quem sou eu para saber? Quem é você, que ainda me lê?
Tudo isso é tão louco, tão incerto e tão curto. O tempo passa rápido demais, e o que mais me irrita é esse incessante e agudo tic-tac.
(Tic-tac, tic-tac, tic-tac...) E não para.
A noite escura lá fora, me faz lembrar de tudo que eu rezo tanto pra esquecer. Esse tão odiado tic-tac, andam dizendo que é remédio pra isso. Será mesmo?
Do que eu mais tenho medo, é das respostas para essas minhas inúmeras perguntas sem sentido.
Sem sentido? Sem sentir? Indo?
A escuridão que vejo, através da janela reluzente de vidro, me faz pensar em quantos sorrisos tu poderias ter dado, para clarear os olhos de algumas pessoas com a alma já cansada. Cansada como a minha. Cansada de esperar esse tal tic-tac, passar, de uma vez por todas.
Espero...
Meus olhos, já cansados de tanto chorar e olhar tantas informações desnecessárias, se fecham aos poucos. Assim, projeto o teu semblante e as lembranças de nós dois em minhas pálpebras escuras e medrosas, e dou play (como todas as noites). E que comece o show, que comece a minha injeção diária de ti.
Enfim durmo, mais leve, com aquele sorriso de meia boca que tu tanto gostavas, mesmo sem eu saber o porquê. Queria saber...
Amanhã é um novo dia. Uma página em branco, novinha, só para mim. Posso fazer dela o que eu quiser, posso traçar o meu destino, e permitir que minha vida, à cada dia seja menos incerta.
Tem certeza?

(Tic-tac, tic-tac, tic-tac) E ele nunca para.

domingo, 20 de março de 2011

Domingo

Levo uma culpa leve, de nunca ter sido boa o bastante para o amor. No coração, neve, pois nada mais nele restou.
O amor é indolor. O que dói, é o nada que a nossa vida anda fazendo dele. E desse tal, nada sobrou. Nem aqui, nem em lugar nenhum. Que pena não é?
Um mais um, deveriam ser dois. Mas para toda regra, sempre há algumas exceções.
Olhos cheios de lágrimas. Frases sem sentido. Um coração que não sente - ao menos não mais -. Lembranças de algo que ainda não aconteceu. Quem dera eu, poder voltar atrás.
Passado e futuro se encontram, nas esquinas de lugar nenhum. Daqui, de onde meus pés não querem mais sair, não vejo nada.
Problema de visão, ou realidade bifurcada?
Todos aqueles rostos risonhos e felizes, já foram embora. E eu continuo aqui, em busca de um par para entrar nessa dança. Pena que ninguém quer dançar.
Vai, acredita em mim. Vem, dança comigo até o sol nascer. Deixa amanhecer, sem culpa, sem pena, sem amor. Mas não solta tuas mãos da minha cintura, por favor.
Peço, clamo, grito, reclamo. E nada muda.
Nessa festa, as luzes já se apagaram. Pelo chão, apenas alguns pequenos pedaços restaram.
Não temos o porque temer, fizemos tudo o que podíamos fazer.
Teus ouvidos esperavam por um "adeus". Minha boca, teimosa, insistiu em dizer o contrário.
Esperei até a ultima cena, pra ver se a minha história também ia ter um final feliz. Teve, mas não foi um final tão feliz assim. Ouvi apenas um longo e baixo, "adeus".
E foi só isso que aconteceu.

domingo, 13 de março de 2011

Deixo que Martha Medeiros fale por mim...

A vida te dá uma rasteira. Você cai, tropeça, o sonho borra a maquiagem, o coração se espalha. Você sente dor, perde o rumo, perde o senso e promete: paixão, nunca mais. Você sente que nunca irá amar alguém de novo, que amor é conversa de botequim, ilusão de sentido, que só funciona direito para fazer música, poesia e roteiro de cinema. E você inventa. Um amor pra distrair. Um amor pra ins-pirar. Um amor pra trans-pirar. Uma paixão aqui, um quase-amor ali. Ainda bem que existem amigos para amar, abraçar, sorrir, cantar, escrever em recibos e tirar fotos bonitas. E a vida segue. Feliz. Sua imaginação te preenche, seus amigos te dão colo, vodka e dias incríveis.
Aí do nada ele surge. Ele. Ele que é diferente de tudo. Ele que é tudo. Mas tudo não existe. Ele sim. Ele existe. E gosta de música romantica, de praia, de palavras simples e café na cama. Ele que é lindo. Vocês estão ouvindo? LINDO! infinitamente lindo por dentro. Que tem sonhos molhados, planos no varal e o coração atirado na mala.
Ele que não se parece com nada. Ele que combina comigo. E não tem medo. Será que estou sonhando? ELE NÃO TEM MEDO! Ele não gosta do morno, de mais ou menos, de música feia, nem sentimento pequeno. Ele que me abriu o verbo, me fez chorar, escancarou o coração, confessou o que não se diz e me sentiu. Lá de longe, no fim do mundo, ele me sentiu.
Me enxergou por dentro, me chamou de anjo, disse que eu sorria lindo e me deixou tímida. Entenderam? Ele me deixou tímida! E me mandou músicas lindas, cartas lindas, devolveu minha esperança, me fez querer acreditar de novo. Ele que gosta de jogo, que tem o sorriso mais lindo do mundo, que não pára nunca de sorrir e me olhar.
Ele que não pára nunca de se buscar e me encontrar... Ai, pára tudo. Eu quero um All Star porque eu vou casar. Eu não gosto de tênis, vivo de salto ou chinelo, mas eu quero um All Star 35 porque eu vou me casar com ele.
Porque planos nem sempre dão certo e a gente tem que ousar e desafiar a razão: eu vivo para sentir. E eu sinto que quero estar com ele. Agora. Quero viver com ele na casa de armário pequeno, ter uma filha que não se chama Maria e viver de amor. Sem medo. Sem planos a longo prazo. Vou viver e ser. Vou viver, ser e amar. Vou viver, ser, escrever e amar. Com ele. Até o fim.

Martha Medeiros

sábado, 5 de março de 2011

Agora

Mas tudo está bem agora, eu digo: agora.
Houve uma mudança de planos e eu me sinto incrivelmente leve e feliz. Descobri tantas coisas. Tantas, Tantas. Existe tanta coisa mais importante nessa vida que sofrer por amor. Que viver um amor. Tantos amigos. Tantos lugares. Tantas frases e livros e sentidos. Tantas pessoas novas. Indo. Vindo. Tenho só um mundo pela frente. E olhe pra ele. Olhe o mundo! É tão pequeno diante de tudo o que sinto. Sofrer dói. Dói e não é pouco. Mas faz um bem danado depois que passa. Descobri, ou melhor, aceitei: eu nunca vou esquecer o amor da minha vida. Nunca. Mas agora, com sua licença. Não dá mais para ocupar o mesmo espaço. Meu tempo não se mede em relógios. E a vida lá fora, me chama!

Fernanda Mello