quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Quatro paredes


Eu não queria, juro. Não queria te machucar, desculpe.
Só tinha cansado. Cansado de ser a perfeita para você. E eu não era perfeita, e nem pra você.
Estava cansada de viver a vida dos outros, pensar sempre nos problemas dos outros, e sempre deixar a minha vida e os meus problemas em segundo plano.
Acho que aquilo tinha algo a ver com amadurecimento, ou alguma coisa assim, e eu precisava amadurecer, crescer ou seja lá o que fosse.
Eu não aguentava mais aquilo.
Acabei ficando presa, em meio a quatro paredes que eu mesma criei, e esqueci de botar portas e janelas, para mim se quer respirar, ou dar uma volta quando fosse preciso. E pouco a pouco, o ar ia se acabando, e eu ia junto com ele.
E agora, quase sem forças, por sorte, achei um tijolo, em meio a tantos outros, que está frouxo, tento empurra-lo, mas parece ter alguém do lado de fora, que faz força contra, que não quer me deixar sair, não quer que eu mude, cresça, e me liberte daqui.
É você.
Você não sabe, mas dói muito mais em mim; que com o pouco de ar que me resta, tento empurrar esse tijolo, para fugir daqui; do que em você, que vai me perder se eu sair daqui.
Com minha última chance de sobreviver, já sem fôlego, empurro agora com toda a força que me resta, esse maldito tijolo.
E ele cai. Consegui.
Mas acho que acertou alguma coisa. Acho que ele te acertou. Na verdade, acertou na mosca o seu coração.
Me desculpe, não foi por querer. Era você ou eu. E pela primeira vez, decidi viver a minha vida, e fazer o que era melhor pra mim. Tente entender.
E me desculpe, por pela primeira vez, ter escolhido o melhor para mim, e não para você.

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